Texto Narrativo
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TEXTO NARRATIVO

3º tempo de aula. Todas aquelas contas de matemática não eram exatamente o que o grupinho mais popular de garotos do colégio considerava " atrativo".

Um "psiu, fala logo" desviou a atenção do professor do quadro para os alunos, foi quando ele notou que um papelzinho com letras garranchadas passava pela mão dos quatro integrantes desse tal grupinho popular.

No bilhete dizia:

" Vocês precisam colocar uma garota na minha fita. Agora que eu dispensei a Gabi, tô liberado. No recreio mostro quem é a gata e vocês olham se conhecem. Eu só sei o nome dela e que tá no 1º ano,   eu falo depois. Eu tô muito afim da garota. Posso contar com vocês?

Digão"

E, ao lado da assinatura, havia um desenho muito incomum formado por tres letras, certamente algo já visto em algum muro.

Digão, Rodrigo Esteve, tinha terminado há algumas horas seu namoro com a garota mais disputada da escola por causa desse seu interesse por essa garota do 1º ano.

Ele estava realmente gostando dela, mas preferiu não demostrar que poderia, pela 1ª vez, estar apaixonado.

Bateu o sinal do recreio e os amigos de Digão o rodearam curiosos, na expectativa de saber a identidade da garota.

"Bom, ela está logo ali. De blusa ..." Ele começou a frase, mas não pôde terminar, pois foi interrompido pela gargalhada dos amigos. Não apenas os amigos, mas a escola toda estava rindo de uma menina que havia tropeçado e caído de cara na terra.

Bel, a menina que caíra, era bastante tímida. Dona de um longo cabelo ruivo e de um par de olhos tão azuis que dava para sonhar com o mar, por dias, apenas tendo olhado-os por um segundo, a partir desse momento foi descriminada por todos e alvo da maldade dos alunos.

Digão se surpreendeu ao ver o que havia acontecido, pois Bel, era a garota de quem ele falaria com tanto orgulho. Calou-se, mesmo depois da insistência dos amigos. Adiou, disse que no dia seguinte contaria.

Foi para casa pensando se contaria ou não. Agora ele estava com vergonha. Resolveu então ligar para Bel naquela mesma tarde.

Quando ele disse a ela que acreditava estar apaixonado, Bel desligou o telefone, achando que era alguma brincadeira maldosa. Mas ele voltou a ligar e, depois de muita conversa, conseguiu convencê-la de que era tudo verdade. Combinaram, então, de se encontrar no colégio, para conversar melhor. Ele estava satisfeito por ter se decidido a contar a todos, independente da reação que as pessoas podessem ter.

Porém, na hora e no lugar marcado, apenas Bel compareceu. Digão estava com os amigos, não teve coragem de destruir sua imagem, afinal ele só saía com as garotas mas populares, não poderia ser visto com a estúpida que caíra no colégio.

A menina foi tirar satisfação com ele na frente de seus amigos. Após alguns minutos sem falar, Digão disse estar arrependido de não ter comparecido ao encontro marcado e se desculpou várias vezes. Contou aos amigos que era Bel a garota de quem gostava, mas explicou também que o orgulho fala mais alto que o coração e que, no momento, não era possível nada sério. Disse que era muito novo e que sua imagem ainda era muito importante. Falou que esperava amadurecer com o tempo e mudar seu modo de pensar.

Bel, sem reação disse-lhe que, se   não podia enfrentar seus amigos e a escola, pelo que ele realmente queria, então só podia ter pena dele por ser uma pessoa tão pequena e mesquinha.

No fundo, ela sabia o que ia acontecer. Fechou seus olhos, respirou fundo, levantou a cabeça e saiu com orgulho de ser a pessoa que é.

 

Clarice Magalhães

Larissa Pinciara

Mariana Rigo

T: 803